quinta-feira, 22 de setembro de 2011

0 Fumaça de carro aumenta risco de ataque cardíaco e de problemas respiratórios



Nelson Antoine/FotoArena/AE
 Pesquisas mostram que o convívio com a fumaça dos carros traz sérios riscos à saúde, desde problemas respiratórios até um ataque do coração. E uma pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada), divulgada nesta quinta-feira (22), mostra que essa tem sido uma realidade cada vez mais brasileira. A emissão de gás carbônico por veículos automotores aumentou 283% em 30 anos no Brasil.


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A exposição recorrente à fumaça de veículos aumenta o risco de se ter um ataque cardíaco, de acordo com um estudo da British Heart Association, da Inglaterra. A pesquisa mostra que quanto maior a exposição maior o risco, que é calculado cerca de seis horas depois de se respirar a fumaça, de acordo com o professor Jeremy Pearson, diretor-médico da British Heart Foundation, autor do estudo divulgado nesta quarta-feira (21).
Ele explica que isso acontece porque a poluição pode engrossar o sangue e causar coágulos no órgão.
- Nós aconselhamos aos pacientes que se foram diagnosticados com algum problema cardíaco que tente evitar passar muito tempo em locais onde há altos níveis de poluição de carros, como os próximos a ruas muito movimentadas.
Outra pesquisa do laboratório de poluição atmosférica experimental da USP (Universidade de São Paulo), realizada em 18 capitais, no ano passado, concluiu que todas essas cidades vêm sofrendo uma influência cada vez maior de poluentes na saúde de sua população, por causa do aumento no número de carros.
Em Brasília, por exemplo, os cientistas descobriram que houve um aumento maior no número de internações por problemas respiratórios nos meses de novembro e dezembro, de tempo quente.

Muitos carros, mais doentes
Segundo a meteorologista Micheline Coelho, uma das autoras do estudo, os dados surpreenderam a equipe, já que esses tipos de doenças são mais comuns no frio, enquanto no calor, época de mais chuvas, na prática, o ar fica mais limpo.

Sem ter acesso aos dados de medição da poluição da cidade, sobrou aos pesquisadores aferirem a um possível impacto dos poluentes na saúde dos pacientes, de acordo com Micheline.

- A gente sabe que hoje com o crescimento econômico está todo mundo comprando carro e, na prática, a gente percebe que ninguém está medindo isso e até que ponto a gente vai saber o seu impacto na saúde.

Vale ressaltar que a poluição do ar é uma das consequências da emissão de gases do efeito estufa, que impacta na saúde de diferentes maneiras, de acordo com a região.

Segundo a pesquisadora, a falta de medidores de poluentes em capitais e cidades do interior impede um trabalho mais detalhado sobre seus impactos na saúde em todo o país.

- O mais complicado é a parte respiratória. Muita gente que tem asma fica vulnerável; os adultos no trabalho, as crianças na escola, sem contar os idosos, que são os que mais sofrem, inclusive quando se junta a isso a baixa umidade.

Mesmo existindo políticas públicas que visam a diminuir efeitos das mudanças climáticas no país, em ações coordenadas pelo Ministério do Meio Ambiente, Saúde, Agricultura e Ciência e Tecnologia, o primeiro afirmou ao R7 que não há projeto de âmbito nacional para a implementação de medidores de poluentes.

Em nota, o Ministério do Meio Ambiente afirma que não existem medidores em todas as capitais e que “isso é função dos Estados e municípios”.

Brasileiros criam índice de ar urbano
Para acabar com as incógnitas na hora de medir os impactos de poluentes na saúde, Micheline e o professor do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Saldiva, especialista em poluição ambiental, criaram o índice de ar urbano. Similar ao índice de inflação, ele vai estimar as taxas de mortalidade e de internação em São Paulo por meio da medição de temperatura e umidade, entre outras variáveis, transformando o resultado em um índice.

Um exemplo: para saber o índice de doenças cardiovasculares na cidade, potencializadas pelo nível de poluentes, o índice será composto por poluentes presentes no ar, como enxofre, monóxido de carbono e ozônio, junto com os índices de umidade relativa do ar e de temperaturas máximas, todos calculados em conjunto.

O projeto de pós-doutorado da meteorologista será apresentado no congresso mundial de meteorologia na Nova Zelândia no fim do ano.

- Esse índice vem para estimar o risco na saúde nas grandes cidades. Isso é importante porque grande parte da população mundial mora nos grandes centros.

Portal R7

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